quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Acende o farol

Apenas quatro temas me chamam atenção para o que poderia ser o texto do último dia do ano:
  • o ataque de Israel a Palestina;
  • as curiosidades de Brasília;
  • os valores de uma amizade;
  • a nuancesdo amor.

Mas por algum motivo não encontrei o fio da meada de nenhum desses temas. Lamento por mim.

Agora, espero o banheiro esvaziar para sair e consertar o estepe.

Ainda que de carro emprestado, passar o reveillón com pneu furado não deve ser um bom presságio.

Feliz 2009!


Pneu furou, acende o farol, acende o farol...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O ataque das raposas

Sai hoje a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a demarcação contínua ou não das áreas indígenas Raposa do Sol, em Roraima.
Os limites da reserva, que ocupa área de 1,7 milhão de hectares no estado de Roraima, foram demarcados em 1998, durante o governo de FHC, e homologadas em 2005, pelo presidente Lula. Porém, vale ressaltar que a primeira tentativa de demarcação de terras nessa região aconteceu entre os anos de 1919 e 1921.
Em 1996, pouco antes da demarcação, FHC instituiu que aqueles que se sentissem prejudicados entrassem com recursos contra a decisão: apenas 46 pessoas contestaram! A maioria fazendeiros. Todas as contestações foram rejeitadas no ano seguinte. E isso abriu as portas para o decreto de 1998. Renan Calheiros era o então ministro da Justiça.
Desde então, todos os governadores de Roraima sem exceção, lutam para que essa decisão não tenha validade.
Após o publicação do decreto de 1998, que obriga a saída imediata de não-índios da reserva, um grupo de seis fazendeiros resiste em deixar as terras mesmo com o ressarcimento financeiro.
Seis, que juntos sequer poderiam formar um time de vôlei tendo um no banco como reserva! Ou seja, o problema deles com “reserva” é grande!
Nesse cenário, a Polícia Federal foi acionada, e temos novos conflitos armados pela posse da terra. Antes, os conflitos também existiam, mas a Polícia Federal não estava lá!
Com essa é uma briga de gente grande, mas não numerosa, todo o processo é interrompido! A Polícia Federal baixa as armas.
Após o sensato cessar-fogo novamente inicia-se uma batalha de tribunais!
De um lado, os índios defendem que o decreto seja respeitado. De outro, os plantadores de arroz se recusam a sair.
O lamentável é ver o envolvimento de prefeitos, governadores e deputados nessa briga. Muitos inclusive, com mandatos cassados por processos de corrupção. Até alguns figurões do exército entraram nessa bandeira de: tradição, arrozeiros e propriedade.
É difícil acreditar que muitos deles foram eleitos somente pelo voto dos seis fazendeiros.
Estamos em um país que continua, por meio de seus figurões, empenhado em defender fazendeiros que recrutam trabalhadores para brigar pelos seus próprios interesses!
É triste ver um estado lutando com unhas e dentes pela plantação de arroz. Arroz!!!!! Não é silício, não é ouro! É arroz!!!
Um governo que diz que defende os plantadores rurais, mas na verdade, deseja o direito de realizar a exploração de recursos minerais da reserva, como se essa atividade fosse a solução para a prosperidade financeira dos trabalhadores.
É lamentável que após 90 anos, o Brasil ainda não tenha conseguido realizar a demarcação de uma única e contínua reserva indígena no estado de Roraima!
Será que o senhor governador do estado não consegue vislumbrar na reserva indígena possibilidades maiores?
Até quando o estado de Roraima vai depender da produção de arroz?
Quando esses senhores feudais aparecem na mídia, eles citam uma pseudo população que depende da produção de arroz e esquecem-se de mencionar os fazendeiros, os únicos verdadeiramente interessados nisso!
Vale lembrar, que essa plantação de arroz é completamente irregular! Que se fosse respeitada a área indígena, eles não estariam fazendo fortuna desmatando para a prática da agricultura latifundiária.
Ninguém nasce pra ser plantador de arroz! Ninguém quer lutar pra ser plantador de arroz!
As pessoas querem emprego, vida digna, comida no prato e isso pode ser alcançado com diversas formas de trabalho e sustento!
Que essa aprovação seja positiva!
Será apenas uma batalha vencida nessa guerra de 90 anos!
Pelo menos, assim, vamos aos poucos e empurrando com a barriga a preservação da fauna, da flora e da cultura indígena que lá resiste.
Em protesto, coma somente arroz “made in china”.


Rondon no topo do monte Roraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana Inglesa, com as bandeiras dos três países, e acompanhado de índios macuxis, em 27 de outubro de 1927. O ataque de certos ideólogos militares à demarcação da reserva Raposa-Serra do Sol afronta o pensamento e obra do marechal. Ele valorizava a existência de Nações Autônomas indígenas. Imagem do Jornal da Unicamp.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

E de repente um vaso sanguíneo estoura... por mais de duas horas, o sangue sai pela primeira vez ao encontro ao mundo externo... direto pro papel higiênico. No mais absoluto suicídio molecular...
No hospital tem a sorte de se deparar com gaze e adrenalina...
Chega, a aventura acabou!
A adrenalina venceu! As portas foram cerradas...
Depois da porta trancada vem a mensagem cerebrasl: a vulnerabilidade é impressionante... ser vulnerável poderia, pelo menos, ser menos assustador...
Ainda bem que o vaso não “caiu” na cabeça de ninguém...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O preço da tragédia

Agora, é oficial!
Hoje, os técnicos do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia do Governo Federal) reconheceram que a tragédia ocorrida recentemente em Itajaí, Santa Catarina, tem uma relação direta com o aquecimento global...
Assim, temos chances de que a preocupação com os malefícios do aquecimento deixa de somente uma catástrofe do ponto de vista ambiental, para ser também, econômica, social e principalmente de direito à vida etc...
Além do R$ 1,1 bilhão que o Governo Federal vai repassar para Santa Catarina, uma ajuda imprescindível e ainda não tardia, seria a realização de investimentos para o combate ao fim das queimadas e a mudança de matriz energética...
85% da contribuição brasileira para o aquecimento global vem das queimadas de florestas...
Vale lembrar que as chuvas de dois dias já custaram, só de ajuda direta do Governo Federal, R$ 1,1 bilhão...
Mas tem um cálculo não matemático a ser feito... Quanto custa as vidas perdidas por conta de efeitos ligados diretamente ao aquecimento das águas oceânicas?
Creio, que essas não têm preço!



Vista aérea de Itajaí, Santa Catarina. Observe a invasão da cidade em áreas que não deveriam ser ocupadas.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

As imagens são impressionantes

33 anos e 1 dia!
Na era da tecnologia estar bem informado é mais do que fundamental. Pelo menos para aqueles que gostam de vivenciar toda essa urbanidade pulsante.
Boa parte dos assuntos de mesa, de trabalho, de boteco é pautada pelos noticiários. As informações são tantas que ficar 2 dias sem acompanhar algum escândalo nos faz ficar boiando, enquanto todo mundo da cadeira ao lado, já tem um veredito sobre o tema.
Mas o acesso a informação tem o seu preço!
E nem estou falando do valor do jornal, da mensalidade da TV a cabo, tampouco da internet banda larga...
O preço que me refiro é sentar em frente à televisão para se informar sobre a crise no Japão e receber de brinde, pencas de notícias sobre crimes brutais, assassinatos, acidentes nas rodovias, o drama da criança que teve seus pais mortos numa chacina e por ai vai.
Concordo com aqueles que acham que isso também é uma informação valiosa!
Afinal, no mínimo, reflete o caos que está nossa sociedade. Evidencia todos os conflitos sociais, todos de descasos governamentais, nossos valores etc, etc, etc...
Tomar conhecimento desses fatos é uma forma de questionar sobre nós mesmos!
A grande dificuldade é ter gás, energia e força para prosseguir vivendo feliz num mundo assim...
O sensacionalismo vende, e se vende gera lucro! E se gera lucro, estampa na primeira página já!
As pessoas ficam inevitavelmente vidradas na cobertura de casos como o da menina Nardoni, com o da moça Eloá de Santo André.
E isso fascina mesmo.
Se não fascinasse, sequer teríamos tantos filmes com tema “violência”.
E continuamos sem saber onde procurar forças para continuar vivendo nesse mundo que construímos, ou seja, continuamos desinformados...
Nessas decepções via cabo, programas de perguntas tolas com artistas competindo e programas de futebol nos parecem verdadeiros oásis... 100% universo paralelo...
É o momento de se acalmar, de torcer, de poder relaxar, de poder dar risada, de poder se preocupar com o fútil...
Bem mais que alienação, como bradam alguns, cada vez mais esses programas se apresentam como válvulas de escapes fundamentais para o equilíbrio mental do ser humano...
O direito da distração!
Afinal, haja desprendimento para ver um telejornal com pelo menos 7 notícias de crimes e tantos outros de acidentes para desligar a televisão e continuar vivendo com fé na humanidade e em dias melhores...
Que bom seria, se o problema de todos nós, fosse o resultado dos jogos de futebol...


segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Para quem pari

Somos inevitavelmente paradoxais!
Quando algum casal ou alguma amiga anunciam a gravidez, tratamos de festejar, de parabenizar, de emanar bons pensamentos...
Tratamos de torcer para que a criança chegue com saúde e abençoe a vida daquela família...
Perguntamos qual será o nome, onde vai nascer, a data prevista para o nascimento, calculamos signos e construímos teorias de como será a nova vida com a chegada de uma nova vida!
Quando a criança nasce, ficamos felizes e mais uma vez parabenizamos os pais que estão em plena euforia e muitas vezes, um tanto quanto atarefados com o novo cotidiano.
Sabemos o quanto a felicidade de receber um novo membro no mundo mobiliza pais, amigos e parentes!
É talvez, o momento mais feliz na vida das pessoas...
O amor nasce antes mesmo da criança nascer!
Temos total noção da benção e da felicidade dessas pessoas...
Mas... por toda a nossa incoerência, um ano após, esquecemos totalmente dos pais que parabenizamos há bem pouco e dizemos parabéns somente para os filhos!
Ou seja, a data só é celebrada em função daquele que nasce e não daquele que pari...
E devemos mesmo celebrar o aniversariante! É lindo e fraternal lembrar-se da data de nascimento, celebrar a vida, dar um abraço, um beijo, desejar votos e sem nenhum problema moral, presentear.
Mas por que será que também não celebramos os pais? Por que não ligamos para os pais e dizemos, parabéns pelo primeiro aniversário de mãe! Parabéns pelo primeiro aniversário de pai! Parabéns pelo primeiro aniversário de avó!
Acho que podemos nos esforçar nisso... fazer nascer entre nós uma nova tradição de congratulações...
E nem me venha falar que existe o dia das mães e o dia dos pais. Apesar de datas lindamente comemoradas, a data do parir é bem mais!
Amanhã, às 15h55 ligarei para a minha mãe para parabenizá-la, pois há 33 anos atrás ela deveria estar em plena euforia dando a luz, enquanto eu, recém-nascido, nem sabia o que esse mundo representava!
Parabéns para todos!





terça-feira, 11 de novembro de 2008

Rolling Stone Street

Foram praticamente sete meses na rua Rocha...
Essa é uma daquelas ruas famosas de São Paulo que todo mundo conhece de nome, mas poucos sabem chegar...
É perto daquilo que chamamos de “tudo”... encravada ali no Bixiga... perto da Bela Vista, ali do lado da Paulista, dá pra ir caminhando tanto pra Brigadeiro Luis Antonio quanto pra Augusta... mas tudo com ladeiras!
Aliás, se não fossem as ladeiras, todos saberiam chegar lá...
As subidas e descidas dão um certo ar de isolamento... faz com que ali tenha coisas que as quadras pós-ladeiras não têm...
Uma série de comércios bem pequenos... bares sujinhos frequentados sempre pelas mesmas pessoas. Tirando os taxistas, quase todos os frequentadores são os próprios moradores...
Além da padaria somente um bar aceita cartões de débito...
O resto dos comerciantes te conhece pelo nome, sabem dos seus hábitos e não veem nenhum problema em deixar você pegar uma cervejinha pra ser paga depois...
Mesmo do lado da Paulista, é um lugar onde as crianças ainda brincam na rua...
É quase uma pausa no meio da cidade de São Paulo...
Foi muito interessante conhecer aquele trecho... moraria ali por perto com grande felicidade... mesmo sabendo que falta uma boa padaria, uma boa farmárcia, uma calçada mais bem cuidada etc...
Mas esse é o charme da rua Rocha... um cantinho em São Paulo onde ainda é possível comprar com nome na cardeneta...
Fui feliz por lá...
Pude ver poesia, estava bem acompanhado...



sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Esse tal de Obama

Toda essa atenção da imprensa brasileira em relação às eleições presidenciais norte-americanas, parece mesmo incomodar aqueles que têm uma visão mais crítica em relação aos Estados Unidos.
E ter um país tão dominante do ponto de vista bélico, cultural e comercial etc., não é fácil mesmo!
Principalmente, quando ele se utiliza dessa questão por meio de invasões arbitrárias e também pelo desastre ambiental que o seu modo de produção e consumo impõe ao mundo.
Dá para entender quando as pessoas dizem que a atenção que a imprensa brasileira dá para os Estados Unidos, parece ser uma submissão da imprensa brasileira.
Essa crítica tem substância!
Basta pensarmos que os nossos telejornais mal nos informam o nome do presidente paraguaio eleito, quando ele tomou posse etc.
Enquanto mal conhecemos nossos vizinhos, ficamos aqui do cone sul torcendo por Obama ou McCain ou até mesmo acompanhando os escândalos de Britney Spears...
Bom, mas convenhamos que ambigüidades existem dos dois lados: da imprensa e de quem faz essas críticas à imprensa...
Afinal, aqueles que criticam, o fazem baixando hip-hop, rock, pop em seus computadores made in china, mas idealizados nos Estados Unidos, com calça jeans, tênis nike e tantos outros acessórios made in USA.
Ou seja, não é a toda que temos que dar atenção as eleições norte-americanas! Infelizmente, é verdade!
O errado é não dar atenção as eleições dos demais países do mundo!
E é fácil saber o como somos desinformados!
Faça um exercício simples, liste nome de presidentes em exercício pelo mundo afora. De quantos nomes você lembrou?
Se você for um daqueles que chamamos de “normal”, dificilmente você lembrou de mais que 10.
E dos que você lembrou, quantos são da América Central, quantos são africanos, quantos são asiáticos?? Acho que sobrou até para os países ricos da Oceania...
Fazendo isso dá pra perceber o quanto a mídia brasileira é focada somente nos países do cone norte. Assim como, muito bem focada em países de lideranças de esquerda!
Acho que é a primeira vez na história que países como Venezuela e Bolívia têm o nome de seus presidentes famosos em escala mundial. Isso graças ao estilo de esquerda. Mesmo que seja mais estilo do que prática. Mas como é de esquerda, o estilo incomoda o suficiente para que seja manchete de jornais no mundo inteiro.
Precisamos rever todos os nossos valores! Se queremos um mundo mais justo, mais igual, nossas atenções devem estar menos focadas somente em poucos países.
Afinal, tem muitas coisas que podemos resolver em nosso país, sem precisar do aval de Obama.
Fim das queimadas, demarcação de terras indígenas, fim da pobreza, fim da corrupção, melhoria em infraestrutura, ampliação da malha ferroviária, incentivo à cultura, educação etc, etc, etc...
Enquanto isso, não custa nada torcer para que o Obama eleito cumpra as suas promessas de campanha e retire as tropas norte-americanas do Oriente Médio, que se inicie a mudança de matriz energética (no more petróleto) e, pelo menos, empenho para amenizar os impactos do aquecimento global. Afinal, junto com China, eles são os maiores poluidores mundiais.
Somente essas questões influenciam bem positivamente nossas vidas!
Nosso voto para Obama e nosso obrigado para Al Gore (aquele que perdeu a eleição roubada para Bush e hoje luta contra o aquecimento global).


Leia:
Uma verdade inconveniente. O que devemos saber (e fazer) sobre o aquecimento global.Autor: Albert Gore. Editora Manole, 2006.
Assista:
Uma verdade inconveniente. Diretor: Davis Guggenheinm. Paramount Pictures, 2006.

fábio evangelista

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

The Oscar goes to Barack Obama!

Confirmado: The Oscar goes to Barack Obama!
Ufa!
Será que agora podemos entrar na parte mais gostosa e começar a criticá-lo????

Sete

as 7 cores do Arco-Iris,
os 7 dias da semana,
as 7 notas musicais,
as 7 maravilhas do mundo antigo,
os 7 orifícios no crânio,
as 7 virtudes humanas,
os 7 pecados capitais,
as 7 vidas felinas,
as 7 marés,
os 7 dias de cada fase lunar,
os 7 anéis de saturno,
os 7 anões da branca de neve,
os 7 algarismos romanos,
os 7 palmos abaixo da terra,
os 7 dias em que Deus fez o mundo,
os 7 meses na vida de qualquer pessoa.



segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Espaço Itaú de Cinema

É terça... mas ainda não fui dormir, portanto, para mim ainda é segunda...
Hoje foi anunciada a maior associação bancária da história do país... O Itaú e Unibanco se uniram... pela primeira vez uma instituição financeira brasileira estará entre as 20 maiores do ramo no cenário mundial... Top 20 total...
Como cliente Itaú, eu só quero saber de uma coisa: eu terei direito a meia-entrada no Espaço Unibanco?



Cada um com os seus 1000 gols

O que era pra ser uma piada se transformou em um ato de arrogância.
É com isso que tenho me deparado quando algumas pessoas têm contato com o título “palavras fábias”.
Claro que a maioria das pessoas sacaram a piada e riram muito. Mas outros não!
Mas o que está por trás disso?
Isso é uma questão bem mais complicada do que trocos rasteiros de: inveja, incompreensão etc... Vem de algo que nossa sociedade resolveu colocar no altar, mas sem ao certo saber o que é...
Estou falando da humildade.
O simples fato de fazer um trocadilho, entre fábio e sábio, me faz uma pessoa arrogante.
Mas sequer pensam que se o meu nome fosse Robervaldo, eu jamais chegaria nesse título de blog... Será que é tão difícil assim perceber que a brincadeira tem muito mais a ver com o meu nome fábio, do que com qualquer outra coisa?
Quantas vezes você ouviu alguém se referindo a uma pessoa cheia de grana, a frase: “eles são ricos, mas são super humildes.” Ou ainda, “é super humilde, não demonstra o que tem.”
E quantas vezes você ouviu jogador de futebol falando sobre seu passado e citando as seguintes características: “eu morava na favela, sou de família humilde.”
O empenho do uso da palavra humildade parece estar equívocado...

Seguindo aidante, notamos que até mesmo craques de bola como Romário, são criticados pela imprensa e pelo público em geral. , por todos considerarem que lhe falta humildade...
Mas o que é isso que todos clamam? Que necessidade é essa de querer que todos sejam humildes?
Por que valorizamos mais a humildade do que a simpatia? Do que a ética? Do que o respeito?
Por que criamos situações extremamente constrangedoras?
Seguindo no mesmo exemplo, Romário fez mais de 1000 gols, classificou o Brasil para a Copa do Mundo, ganhou a Copa do Mundo, milhões de pessoas no mundo inteiro o consideram um dos melhores jogadores de futebol da história, mas ele mesmo não pode se reconhecer como “o cara”...
Dizer como ele disse: “eu vou ganhar essa Copa”, o transformaram num dos grandes símbolos da arrogância nacional.
Ele pode ganhar a Copa, mas antes tem que valorizar verbalmente o adversário, diz a cartilha de como ser certo e não ofender os demais... Afinal, a falta de humildade já uma forma de agressão... Pois então, proponho com toda a humildade o livre arbítrio para que as pessoas possam reconhecer, sem nenhum constrangimento, seus valores e qualidades...
Que bom seria se todos nós falássemos, eu vou ganhar essa Copa e simplesmente ganhá-la. Vou conseguir isso e conseguir...
Disputando de igual para igual, com “humildade de atos”...
Que bom seria se todos nós pudéssemos falar sem nenhum constrangimento: "nisso somos bons!
E que perfeito seria, se os outros nos incentivassem em nossas qualidades... que bom seria poder falar bem de si próprio sem que isso seja arrogância ou demérito...
Quem bom seria se todos estivessem com a auto-estima em dia!
Não, não quero um mundo de pessoas arrogantes, só quero clareza em relação ao fato de que, ser humildade também significa (olhe em qualquer dicionário): demonstração de inferioridade, de fraqueza, de submissão, de subserviência e por ai vai...
Ou seja, adotamos ideal que as classes dominantes querem de nós: submissão!
Você não pode dizer que é bom mesmo tendo feito 1000 gols. Você sequer pode concordar com os outros que te dizem isso...
Você se sequer pode fazer um trocadilho do seu nome com a palavra “sábio”...
Ser humilde é bem mais que isso...
Humildade é indispensável, mas ela tem que estar associada à atos e não à discursos! E não ache que ato de humildade é dar esmolas, ok?
Que continuemos procurando humildade e sabedoria em nossos dias...



sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Nos arredores da Ipiranga com a Avenida São João

Sexta-feira... dia de comemorar algumas felicidades, de beber, de dançar... Foi assim que começou nossa sexta-feira passada... com um detalhe... tinha que ter música ao vivo... e é assustador como São Paulo parece ter poucas opções baratas para tal... Alguém lembrou do Barnaldo... eu nem conhecia.... fomos pra lá.... na hora da entrar, tivemos que voltar. Raquel havia esquecido sua bolsa na casa de Girard... Voltamossssssssssss, mas sem perder o sorriso. A vontade de curtir era a mesma! Não nos abalamos! Já que voltamos fomos parar no Bar Brahma... Lá, de sexta, tem música ao vivo boa e com preço bom também! 20 pilas por cintura dançante... Definitivamente, não gosto de deixar meu carro em vallets... não me sinto seguro, não sei onde o carro será estacionado etc. E todos sabem que em São Paulo é muito comum, os vallets estacionarem os carros nas ruas! Sei lá os acordos que eles têm com a bandidagem para que os carros sejam preservados... Bom... procurei algum estacionamento próximo... Estava há umas 5 quadras do bar... mesmo com a dica do taxista que afirmava ser seguro, achei melhor deixar o vallet mesmo! Flexibilização de pensamento é uma boa coisa! Massss... e para voltar de carro pra famosa esquina da São João com Ipiranga... todas vias de mão única? O certo seria ir até a Rio Branco pela famosa boca do lixo e retornar tudo... Daí nos deparamos com o me incentivou a escrever... Passar de carro lá pela 1 da madrugada por aquele lugar é muito mais interessante, para não dizer assustador do que ir no Simba Safári!É apenas “um pouco mais perigoso” Afinal, nossos carros estão sem o guia e sem as telas de proteção nas janelas e parábrisa... Sim.... Passamos pela mundialmente famosa, Cracolândia... Rua Vitória, Rua dos Gumões, Rua Aurora e arredores... só ver o mapa abaixo... O que antigamente era uma “simples” e preocupante área de compra e consumo de crack utilizada por pequenos grupos de no máximo 10 pessoas, se tornou num verdadeiro mar de pessoas! Eram pelo menos uns 200 ali! Dá pra imaginar que circulam milhares por ali nas madrugadas! Amontados nas ruas e calçadas, nada atentos para o carro visitante que passava quase que despercebido, eles estavam completamente engajados no consumo de suas drogas... Ficamos boquiabertos o novo mar de gente de São Paulo... mesmo que aquilo não fosse novidade para ninguém! Brancos, negros, mestiços, altos, baixos, magros e gordos! Definitivamente, havia ali, uma grande variedade de classes sociais... Um pouco mais para frente havia um policial com a viatura parada fazendo revista em um rapaz, mas há uns 10 metros após, era como se não tivesse nada de repressão. O policial trabalhando também nos chamou a atenção! Parecia o beija-flor indo apagar o incêndio da floresta com o seu bico “cheio” de água... Sim, a coisa está muito, mas muito pior do que possamos imaginar... Naquele momento, a única coisa que pensei foi,: “que o carro não quebre aqui!” A situação é tão chocante que você simplesmente não consegue sequer emanar bons pensamentos para que aquelas pessoas consigam sair daquela condição... no outro dia, fiz isso! Mas a navegação do mar de São Paulo, simplesmente, não deu! Sempre que der levarei pessoas por aqueles caminhos! Pra que elas vejam aquilo... sintam, presenciem... Não há nada igual em nenhum canto do mundo! Pode ter pior, igual não! É algo entre o medo e o fascínio... Sim, imagens tristes também são fascinantes... e não estou falando de beleza nenhuma... estou falando de fascínio... por mais que fascínio seja o antônimo de repulsa, acho que deu pra entender... E pensar que comprar um imóvel nessa região até meados de 1970, era o mesmo que comprar um imóvel em Higienópolis... Que daqui 40 anos, as coisas estejam melhores... Muitas coisas acontecem nos arredores no cruzamento da Ipiranga com a Avenida São João...




terça-feira, 28 de outubro de 2008

42 países sabem, nós não!

Há muitas feiras e eventos de automóveis antigos em todo o planeta, algumas verdadeiramente fantásticas. Vez ou outra, nos deparamos nas ruas com veículos que jamais vimos antes.
Ainda assim, nada se compara a Cuba!
Um país praticamente "dominado" por carros antigos é o lugar ideal para os admiradores desse segmento de (acho que podemos dizer) arte...

Sim, o automóvel gera e sempre gerou fascínio, principalmente, penso eu, para aqueles que na infância tinham o carrinho como brinquedo favorito ou se enchiam de emoção ao entrar no Jipe do tio, na Veraneio do pai ou ainda da Rural do avô! Ou ainda, para aqueles tantos de garotos e garotas que ficam vidrados nas janelas dos ônibus observando os carros passarem e sonhando em um dia ter um.
Paixão emocionante de meninos e meninas pelo mundo afora. Para esses e para tantos outros que querem experimentar o diferente, Cuba é verdadeiramente fantástica.
Caminhar pelas ruas de todas as cidades cubanas e se deparar com ruas repletas de veículos da década de 1950, é algo incrível!

Para os que acham que após o embargo norte-americano não houve nenhuma novidade na importação de veículos, ledo engano!
Veículos das décadas de 1980, 1990 e 2000, da Romênia, da Rússia, da Coréia do Norte e de tantos outros cantos do mundo que eu nem sei, fez com que eu me sentisse num verdadeiro cenário dos sonhos de qualquer criança...
Carros modernos?
Há vários!
Eu mesmo fiquei surpreso quando passou por mim um jipe da Mitsubishi, outro carrão da Audi, alguns Mercedes lindos e por ai vai.
Ou seja, carros de todos os tipos e gostos...
Aliás, os carros destinados para locação são moderníssimos! Mas a cor de placa é diferenciada, portanto, esses veículos “modernos” que vi em montes, estavam sendo sim, utilizados pela população cubana! E a informação que tive é que são vendidos por preços bastante atrativos.
Ah, se não fosse o oceano!
Outros antigos, chamados por eles de “maquinas” funcionam como espécie uma espécie de lotação com preços extremamente modestos. Outros antigos são utilizados em passeios com os turistas.
Assim, para aqueles que acham, que os veículos antigos estão caindo aos pedaços, comentem outro erro gravíssimo na percepção do que é Cuba.
Aliás, os primeiros veículos que eu vi na saída do aeroporto em Havana, eram verdadeiros possantes.
Inteiros, lindos, tinindo, impecáveis!
Infelizmente não tirei foto de tudo! O objetivo da viagem nem era esse. Mas poderia ter sido.
Há também aqueles que estão no que eu chamaria de estado básico avançado! Ou seja, sem grandes reformas, mas funcionando perfeitamente!
E claro, há também, alguns bem mal tratados, mas rodando! Em compensação, não vi nada parado, nem abandonado por lá não!
E essa feiúra que me refiro, é mais um mal trato de funilaria, de estética, de coisas desse tipo. De falta de atenção, de falta de grana e peças etc...
Afinal, não é à toa que os mecânicos cubanos são considerados os melhores do mundo!
Em que lugar do mundo você veículos de 60 anos de idade fazendo viagens e rodando diariamente?

Mas, tirando toda essa tal de “obrigatoriedade” que todo apaixonado por carros e motos antigas deveria ter de ir visitar Cuba, o que me chamou a atenção foi ver os veículos da Gurgel rodando por lá!
Isso mesmo! A nossa querida Gurgel exportou para Cuba!
E nem achem que o Sr. Amaral Gurgel era adepto do socialismo, muito pelo contrário, aliás.
A surpresa se deve ao fato que nós brasileiros sequer sabemos que a Gurgel exportou seus veículos para nada menos que 42 países!
Isso mesmo: 42!
Pra onde foram?
Para a América Latina, principalmente América Central. E também para outros continentes como a Ásia, o norte da África e um ou outro país europeu.
Consegui tirar fotos de alguns, conversar com alguns proprietários etc. Ao total, vi 4, todos modelo X12. Nem todos cubanos sabiam da nacionalidade da Gurgel. Mas isso é o de menos.
















Alguns dos veículos exportados na década de 1980 do Brasil para Cuba. Na foto da esquerda, um Gurgel X12 em Santiago de Cuba. Na foto da direita, eu, Fábio Evangelista e um Gurgel X12 em Havana, Cuba.


Se nós sequer sabemos que a brasileira Gurgel exportou para 42 países, porque eles deveriam saber, né?!
E se você, também acha que a Gurgel faliu por incompetência própria, sabia que infelizmente não foi assim. Seria até menos triste, se assim fosse.
A Gurgel Motores S.A., pasme, foi aniquilada pelos nossos governantes, que estavam bastante empenhados em proteger os interesses das multinacionais automobilísticas, como Fiat, Volks, GM, Ford e até mesmo da Lada...
Afinal, você tem que concordar comigo, né? Como pode um país como o Brasil ter a ousadia de exportar carros para 42 países?
Um verdadeiro absurdo!
Um país com tantas terras tem que cumprir a sua função mundial de mero exportador agrícola.
Mas essa história são outros quinhentos...
Para quem se interessou sobre a história da Gurgel, recomendo o recém lançado livro:
Gurgel, um brasileiro de fibra. Lelis Caldeira, Editora Alaúde, 2008.
Boa viagem para Cuba! Curta o son, os puros, havana vieja e todos os outros milhões de encantos que a ilha de Fidel nos permite ter...
Fui para lá entre os meses de novembro e dezembro de 2006.

o começo...

Começa aqui, algo que nem começou por aqui... Decisão tomada numa manhã cinzenta, dentro de um Gurgel cinza. Tudo estimulado por uma vontade de registrar alguns conhecimentos de uma vida cheia de cores. Que as palavras sejam originais, que as palavras sejam fábias!

Vinãles, Cuba, 2006.