sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Nos arredores da Ipiranga com a Avenida São João

Sexta-feira... dia de comemorar algumas felicidades, de beber, de dançar... Foi assim que começou nossa sexta-feira passada... com um detalhe... tinha que ter música ao vivo... e é assustador como São Paulo parece ter poucas opções baratas para tal... Alguém lembrou do Barnaldo... eu nem conhecia.... fomos pra lá.... na hora da entrar, tivemos que voltar. Raquel havia esquecido sua bolsa na casa de Girard... Voltamossssssssssss, mas sem perder o sorriso. A vontade de curtir era a mesma! Não nos abalamos! Já que voltamos fomos parar no Bar Brahma... Lá, de sexta, tem música ao vivo boa e com preço bom também! 20 pilas por cintura dançante... Definitivamente, não gosto de deixar meu carro em vallets... não me sinto seguro, não sei onde o carro será estacionado etc. E todos sabem que em São Paulo é muito comum, os vallets estacionarem os carros nas ruas! Sei lá os acordos que eles têm com a bandidagem para que os carros sejam preservados... Bom... procurei algum estacionamento próximo... Estava há umas 5 quadras do bar... mesmo com a dica do taxista que afirmava ser seguro, achei melhor deixar o vallet mesmo! Flexibilização de pensamento é uma boa coisa! Massss... e para voltar de carro pra famosa esquina da São João com Ipiranga... todas vias de mão única? O certo seria ir até a Rio Branco pela famosa boca do lixo e retornar tudo... Daí nos deparamos com o me incentivou a escrever... Passar de carro lá pela 1 da madrugada por aquele lugar é muito mais interessante, para não dizer assustador do que ir no Simba Safári!É apenas “um pouco mais perigoso” Afinal, nossos carros estão sem o guia e sem as telas de proteção nas janelas e parábrisa... Sim.... Passamos pela mundialmente famosa, Cracolândia... Rua Vitória, Rua dos Gumões, Rua Aurora e arredores... só ver o mapa abaixo... O que antigamente era uma “simples” e preocupante área de compra e consumo de crack utilizada por pequenos grupos de no máximo 10 pessoas, se tornou num verdadeiro mar de pessoas! Eram pelo menos uns 200 ali! Dá pra imaginar que circulam milhares por ali nas madrugadas! Amontados nas ruas e calçadas, nada atentos para o carro visitante que passava quase que despercebido, eles estavam completamente engajados no consumo de suas drogas... Ficamos boquiabertos o novo mar de gente de São Paulo... mesmo que aquilo não fosse novidade para ninguém! Brancos, negros, mestiços, altos, baixos, magros e gordos! Definitivamente, havia ali, uma grande variedade de classes sociais... Um pouco mais para frente havia um policial com a viatura parada fazendo revista em um rapaz, mas há uns 10 metros após, era como se não tivesse nada de repressão. O policial trabalhando também nos chamou a atenção! Parecia o beija-flor indo apagar o incêndio da floresta com o seu bico “cheio” de água... Sim, a coisa está muito, mas muito pior do que possamos imaginar... Naquele momento, a única coisa que pensei foi,: “que o carro não quebre aqui!” A situação é tão chocante que você simplesmente não consegue sequer emanar bons pensamentos para que aquelas pessoas consigam sair daquela condição... no outro dia, fiz isso! Mas a navegação do mar de São Paulo, simplesmente, não deu! Sempre que der levarei pessoas por aqueles caminhos! Pra que elas vejam aquilo... sintam, presenciem... Não há nada igual em nenhum canto do mundo! Pode ter pior, igual não! É algo entre o medo e o fascínio... Sim, imagens tristes também são fascinantes... e não estou falando de beleza nenhuma... estou falando de fascínio... por mais que fascínio seja o antônimo de repulsa, acho que deu pra entender... E pensar que comprar um imóvel nessa região até meados de 1970, era o mesmo que comprar um imóvel em Higienópolis... Que daqui 40 anos, as coisas estejam melhores... Muitas coisas acontecem nos arredores no cruzamento da Ipiranga com a Avenida São João...




terça-feira, 28 de outubro de 2008

42 países sabem, nós não!

Há muitas feiras e eventos de automóveis antigos em todo o planeta, algumas verdadeiramente fantásticas. Vez ou outra, nos deparamos nas ruas com veículos que jamais vimos antes.
Ainda assim, nada se compara a Cuba!
Um país praticamente "dominado" por carros antigos é o lugar ideal para os admiradores desse segmento de (acho que podemos dizer) arte...

Sim, o automóvel gera e sempre gerou fascínio, principalmente, penso eu, para aqueles que na infância tinham o carrinho como brinquedo favorito ou se enchiam de emoção ao entrar no Jipe do tio, na Veraneio do pai ou ainda da Rural do avô! Ou ainda, para aqueles tantos de garotos e garotas que ficam vidrados nas janelas dos ônibus observando os carros passarem e sonhando em um dia ter um.
Paixão emocionante de meninos e meninas pelo mundo afora. Para esses e para tantos outros que querem experimentar o diferente, Cuba é verdadeiramente fantástica.
Caminhar pelas ruas de todas as cidades cubanas e se deparar com ruas repletas de veículos da década de 1950, é algo incrível!

Para os que acham que após o embargo norte-americano não houve nenhuma novidade na importação de veículos, ledo engano!
Veículos das décadas de 1980, 1990 e 2000, da Romênia, da Rússia, da Coréia do Norte e de tantos outros cantos do mundo que eu nem sei, fez com que eu me sentisse num verdadeiro cenário dos sonhos de qualquer criança...
Carros modernos?
Há vários!
Eu mesmo fiquei surpreso quando passou por mim um jipe da Mitsubishi, outro carrão da Audi, alguns Mercedes lindos e por ai vai.
Ou seja, carros de todos os tipos e gostos...
Aliás, os carros destinados para locação são moderníssimos! Mas a cor de placa é diferenciada, portanto, esses veículos “modernos” que vi em montes, estavam sendo sim, utilizados pela população cubana! E a informação que tive é que são vendidos por preços bastante atrativos.
Ah, se não fosse o oceano!
Outros antigos, chamados por eles de “maquinas” funcionam como espécie uma espécie de lotação com preços extremamente modestos. Outros antigos são utilizados em passeios com os turistas.
Assim, para aqueles que acham, que os veículos antigos estão caindo aos pedaços, comentem outro erro gravíssimo na percepção do que é Cuba.
Aliás, os primeiros veículos que eu vi na saída do aeroporto em Havana, eram verdadeiros possantes.
Inteiros, lindos, tinindo, impecáveis!
Infelizmente não tirei foto de tudo! O objetivo da viagem nem era esse. Mas poderia ter sido.
Há também aqueles que estão no que eu chamaria de estado básico avançado! Ou seja, sem grandes reformas, mas funcionando perfeitamente!
E claro, há também, alguns bem mal tratados, mas rodando! Em compensação, não vi nada parado, nem abandonado por lá não!
E essa feiúra que me refiro, é mais um mal trato de funilaria, de estética, de coisas desse tipo. De falta de atenção, de falta de grana e peças etc...
Afinal, não é à toa que os mecânicos cubanos são considerados os melhores do mundo!
Em que lugar do mundo você veículos de 60 anos de idade fazendo viagens e rodando diariamente?

Mas, tirando toda essa tal de “obrigatoriedade” que todo apaixonado por carros e motos antigas deveria ter de ir visitar Cuba, o que me chamou a atenção foi ver os veículos da Gurgel rodando por lá!
Isso mesmo! A nossa querida Gurgel exportou para Cuba!
E nem achem que o Sr. Amaral Gurgel era adepto do socialismo, muito pelo contrário, aliás.
A surpresa se deve ao fato que nós brasileiros sequer sabemos que a Gurgel exportou seus veículos para nada menos que 42 países!
Isso mesmo: 42!
Pra onde foram?
Para a América Latina, principalmente América Central. E também para outros continentes como a Ásia, o norte da África e um ou outro país europeu.
Consegui tirar fotos de alguns, conversar com alguns proprietários etc. Ao total, vi 4, todos modelo X12. Nem todos cubanos sabiam da nacionalidade da Gurgel. Mas isso é o de menos.
















Alguns dos veículos exportados na década de 1980 do Brasil para Cuba. Na foto da esquerda, um Gurgel X12 em Santiago de Cuba. Na foto da direita, eu, Fábio Evangelista e um Gurgel X12 em Havana, Cuba.


Se nós sequer sabemos que a brasileira Gurgel exportou para 42 países, porque eles deveriam saber, né?!
E se você, também acha que a Gurgel faliu por incompetência própria, sabia que infelizmente não foi assim. Seria até menos triste, se assim fosse.
A Gurgel Motores S.A., pasme, foi aniquilada pelos nossos governantes, que estavam bastante empenhados em proteger os interesses das multinacionais automobilísticas, como Fiat, Volks, GM, Ford e até mesmo da Lada...
Afinal, você tem que concordar comigo, né? Como pode um país como o Brasil ter a ousadia de exportar carros para 42 países?
Um verdadeiro absurdo!
Um país com tantas terras tem que cumprir a sua função mundial de mero exportador agrícola.
Mas essa história são outros quinhentos...
Para quem se interessou sobre a história da Gurgel, recomendo o recém lançado livro:
Gurgel, um brasileiro de fibra. Lelis Caldeira, Editora Alaúde, 2008.
Boa viagem para Cuba! Curta o son, os puros, havana vieja e todos os outros milhões de encantos que a ilha de Fidel nos permite ter...
Fui para lá entre os meses de novembro e dezembro de 2006.

o começo...

Começa aqui, algo que nem começou por aqui... Decisão tomada numa manhã cinzenta, dentro de um Gurgel cinza. Tudo estimulado por uma vontade de registrar alguns conhecimentos de uma vida cheia de cores. Que as palavras sejam originais, que as palavras sejam fábias!

Vinãles, Cuba, 2006.