terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Por um mundo sem buzinas

A cada dia observo mais o trânsito da cidade de São Paulo. A intolerância e o desrespeito são tão latentes que não é muito difícil reparar. São tantos exemplos cotidianos, que juntos dariam um belo livro sobre crônicas!
Considero esse um assunto muito interessante, até porque a agressividade no trânsito muda de lugar para lugar.
E São Paulo, certamente é um dos maiores vikings dessa brutalidade...
Um lugar onde ninguém diminui a velocidade ao se deparar com um pedestre, podem até desviar para evitar o pior, mas o fazem xingando e com loooooooonnnngas buzinadas! Mesmo que após vinte metros ele tenha que ficar parado no próximo semáforo por alguns minutos. Mas antes, ele não podia diminuir a velocidade...
É uma pressa pra chegar no próximo semáforo que chega a ser contagiante!
Quem já passou por isso, sabe o que é humilhação e desrespeito em via pública.
Já no Distrito Federal não! Mesmo sem os semáforos, o pedestre coloca o pé na faixa, os carros imediatamente param.
Ao pegar um carro emprestado em Brasília, já fui logo avisado: pare na faixa de pedestre mesmo sem o semáforo!
Aquilo é uma aula de civilidade incrível. Duvido de outro lugar que apresente tamanho respeito não ao pedestre, e sim ao “ser humano”...
Porque esse papo de chamar de pedestre, parece desculpa para poder atropelar, buzinar, xingar, desrespeitar etc.
Todos esquecem que o trânsito é composto de pessoas e não de veículos, motoristas, passageiros e pedestres.
Em São Paulo também é “interessante” a nova função da buzina. Ela deixou de ser de algo para chamar a atenção, de alerta, para ser punitiva. E todos adoram punir...
É a prática mais divertida da cidade. Esse é a única explicação plausível para tal buzinaço sem cunho político ou partidário.
A qualquer erro de outro motorista, as vezes nem erro foi, lá vem aquela buzinaaaaaaaaaaa... como se ninguém nunca tivesse feito alguma bobagem no trânsito...
O carro da frente freiou, mas ele tinha que freiar... o de trás estava desatento... ele fica p... da vida e buzinaaaaaaaaaaa...
O “pedestre” está atravessando uma grande avenida, no meio do trajeto o semáforo abre (isso é muito comum em São Paulo), os “carros” e “motos” aceleram e buzinammmmmmmmmmmmmmm pra cima do "pedestre" desrespeitoso.
Todo mundo sabe que a pessoa não tem culpa de estar no meio da avenida e o semáforo abrir, mas o desgraçado merece punição...
E para piorar a história, todos são punidos! A poluição sonora de São Paulo é algo intragável... reclamamos do ar, mas a poluição sonora aqui também é muito agravante. Não interessa se a rua é residencial, se tem hospital, é buzina pra todos!
Democracia para os ouvidos! Aqui ninguém fica sem buzina!
Seguindo os exemplos dos motoristas paulistanos e agregados, envio uma longa e calada buzina pra eles.
Querer respeito no trânsito não é pedir muito.
Singela homenagem póstura para Márcia Regina de Andrade Prado, que morreu atropelada enquanto andava de bicicleta pela avenida Paulista no dia 14 de janeiro de 2009.