segunda-feira, 18 de julho de 2011

Os "erros" nos livros didáticos

Todos nós não conhecemos nenhum ato humano que não seja passível de erro.

Achar que com uma ilustração errada num livro didático, o aluno terá problemas no Enem é o mesmo que dizer que o aluno irá muito bem na prova porque todo o resto está certo. E não é bem assim que funciona.

Essa supervalorização do livro, por muitas vezes, acaba apagando o personagem mais importante do processo ensino-aprendizagem: o professor!

Quem trabalha com livros o quanto tem que se rebolar para “adequar” os livros aos professores tanto da rede pública quanto da rede privada que atuam em território nacional.

Dessa forma, saudades da minha Professora Deusa de Geografia que pedia que fizéssemos correções de informações erradas do livro do Melhem Adas, eu escrevi Melhem Adas e era dessa forma aprendíamos mais.

Sem alardes, sem espantos... Nem da professora, nem dos alunos, nem dos pais. Ao final do terceiro bimestre (porque ela sempre fazia uma viagem internacional de meses no último bimestre) o livro já estava cheio de emendas e correções.

Enfim... os livros didáticos podem até tentar, mas não ensinam nada. No máximo, passam informações erradas.Quem ensina é o professor! O livro é apenas um instrumento de trabalho. Quem já deu aula sabe disso. E isso não desmerece o livro em nada, apenas o coloca em seu devido lugar.

Além disso, o livro Por uma vida melhor, de Heloisa Ramos, que foi malhado na imprensa por “ensinar errado” faz tudo, menos “ensinar errado”. Se assim for, podemos propor que todos os discos do Adoniran e filmes do Mazzaropi sejam queimados em praça pública pela condenação da não utilização da norma culta. Também podemos propor um eterno silêncio coletivo e que só abram a boca aqueles que falam sempre “corretamente”.

O fato é que a sociedade civil critica o livro sem ao menos ter feito uma leitura daquilo que está sendo criticado.

Aqui todos conhecem as intenções da Folha de São Paulo no empenho as críticas em relação a tudo o que não é governado pelo PSDB. Quem leu o livro sabe que essa acusação de “ensinar errado” não procede e o Ministro da Educação Fernando Haddad foi sensacional ao defender o livro publicamente, mas isso pouco repercutiu.

Quem trabalha com livros, trabalha para que não haja erros, mas essa caça aos erros poderá prejudicar todo o programa do PNLD caso não haja melhores esclarecimentos sobre tais “erros” junto às entidades civis.

Até agora, infelizmente, as editoras ficam rindo da desgraça da editora que foi alvo da polêmica e autores com medo de alguma infelicidade.

Semear e divulgar o outro lado da moeda é preciso.

Encerro aqui com um salve aos Professores e ao PNLD que possibilitou que alunos do Brasil inteiro tenham livro para estudar.

E um salve especial ao Ministro Paulo Renato que faleceu recentemente (25/06/2011) e foi um dos grandes responsáveis pela existência desse projeto educacional. Cheio de imperfeições, mas ainda nobre e indispensável.

Fábio Evangelista



Mazzaropi em cena do filme O corintiano, na Praça Charles Müller, em frente ao estádio do Pacaembu na cidade de São Paulo


Notícia de referência: http://www.correiodoestado.com.br/noticias/livro-de-geografia-ja-fez-a-transposicao-do-velho-chico_114102/



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